"Eu respiro futebol." - Zeca Lemos 

Nunca foi só futebol, só 22 caras atrás da bola. Aliás nunca é sobre isso, vim pensando nisso enquanto tentava no ônibus de volta para casa após uma prova cansativa de filosofia, como uma forma de não ficar ansiosa para chegar em casa. Pois enquanto fazia meu retorno, a bola rolava e eu tentava imaginar cada lance entre Brasil e Inglaterra, ao mesmo tempo que repreendia a mim mesma por morder tanto os lábios de nervosismo. 
Mas é só um amistoso... Não é só isso, é Brasil e Inglaterra, um, o dito país do futebol até hoje - apesar dos pesares - o outro, o berço do futebol. Não me recordo muito, confesso, de outras vezes que presenciei esse confronto. Mas desde que o futebol fez meu coração correr feito o Philipe Coutinho na área adversária, sei o peso de tal evento. E ainda que não fosse contra a Inglaterra, jogo é jogo, e quando se está em um regime de Campeonato Brasileiro, que já deixou de ter o peso que antes tinha. Qualquer jogo da seleção, contra o mais ínfimo adversário, desperta a ansiedade de ver os considerados melhores do mundo e que pertencem ao seu país em campo. 
Contudo, também nunca foi só sobre a seleção. Nem os bonitinhos que nela há, nem o talento de Neymar, não é sobre isso. Nunca será. Essa emoção que inicia desde o pré-jogo, como se fosse eu quem fosse jogar, não tem explicação. Só sabe quem sente. E se amplifica no decorrer da partida, a cada xingamento ao juiz, a cada finalização perdida, a cada gol de zagueiro (esses são meus favoritos), a cada gol de fora da área. E claro, a cada gol no último minuto de acréscimo! Meu Deus! É como aquela lasanha esperada no dia de domingo, uma das melhores coisas do mundo!
E cada parte dessa loucura, ou besteira, chame do que quiser, faz parte de mim e dos outros amantes de futebol. Como aquele moço, que vi através da janela do ônibus, tenta acompanhar o jogo em meio o caloroso trânsito pela tela diminuta do celular. Confesso que fiquei espiando mais para ver se tentava ver algo enquanto torcia para o sinal abrir, parecia aquele juiz chato que fica demorando para decidir se a falta valeu ou não. 
E não me arrependo de nada disso, pelo contrário, agradeci a Deus por ter conseguido ter feito uma boa prova e terminado a tempo de pegar o busão das 17 na parada. Mais ainda o fato dele estar vazio, apesar do trânsito não colaborar, mas quem disse que só porque se tem a melhor tática e a técnica o jogo está ganho? Afinal a vida não é perfeita, assim como no futebol, cheia de surpresas. Tentei não me irritar em meio as demoras no sinal de no máximo 5 minutos, que para mim parecia uma prorrogação. Falar nelas, as do momento estão sendo uma Inglaterra fechada e um Neymar perdendo um gol mais do fácil. Aí está mais uma das belezas desse espetáculo, a melhor delas eu diria: as surpresas. 
Aqueles fatores que modificam em segundo um jogo ganho e o viram, que fazem os jogadores criarem raça, enfim, que sempre faz o coração dos torcedores bater ainda mais rápido. Como se fosse possível. 
Não é só futebol, é além, é amor, é magia, loucura... Só de chegar em algum lugar, como eu hoje na escola de ballet, porque como disse mais cedo, qualquer oportunidade de ver um futebol de maior qualidade na TV aberta, eu estou agarrando mais forte que o Taffarel agarrava um pênalti. Pedi a recepcionista que ligasse a tv enquanto esperava o moço para tirar as medidas. Ela de bom grado o fez, mas lamentou-se: 
- Ah Eduarda, só tem futebol. - ri internamente com a pequena decepção dela que para mim é uma alegria. 
 Porque nunca é só futebol! 

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